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Lockdown – Por Júnior Nogueira

Editorial da edição impressa do Jornal Opapel número 1181 de 19 de março de 2021

Não é aceitável que qualquer ser humano adulto, pleno de suas faculdades mentais e que não esteja vivendo isolado da civilização alegue desconhecer a pandemia, seus riscos e as formas de lidar com ela.

Recusar a reduzir sua circulação e adotar as medidas preventivas é uma forma de afronta ao que se preconizou como forma de cuidado até que a população esteja imunizada. Teimar não adianta, só piora a situação.

Estamos encarando os resultados de uma política confusa, dividida por outros motivos que não são a busca do bem coletivo como prioridade. E nessa peleja, batendo cabeças, continuamos perdendo vidas e esfacelando a economia.

Lockdown não é ferramenta de campanha contra ou a favor de político algum. Todo mundo perde com isso. É sacrifício. É o último recurso quando a conversa não funciona. É a medida derradeira para se tentar conter o congestionamento nas filas de UTI, que se converte em mortes, implode os nervos e o psicológico dos médicos e enfermeiros e aumenta a tensão entre a própria sociedade civil, que teme a doença e definha em suas economias.

Enquanto não houver vacina em tempo e quantidade, criar caso e inflamar atitudes de motim só vão estender a crise. Os olhos das autoridades (não só os políticos, mas principalmente os técnicos, que são quem orienta esse tipo de decisão com foco no colapso sanitário) estão voltados para os hospitais. Se não reduzir o contágio e as internações, meu caro, o choro não
vai adiantar.

Fique em casa, se você puder. E tenha consciência. Todo mundo sabe a diferença entre ter que sair por necessidade ou para passear. Segure duas ou três semanas sem beber. Contenha a vontade de saciar seu desejo em função de ajudar a regredir essa onda.

Passar um mês sem beber não mata. Aglomerar em festa mata, nesse caso. Mata pessoas e empresas. Transmite doença, estrangula a economia. Mas ser besta é um direito de cada um, inclusive e infelizmente.

Só que a ignorância só é contida com o medo. Hora que o sujeito que tá aí se relando em outros como se nada estivesse acontecendo ficar doente e precisar de atendimento médico, a consciência vem na hora. E quem já não ficou em casa quando poderia e deveria, vai sair de novo para tirar a vaga de UTI de um idoso, um trabalhador que se resguardou o quanto pode, alguém que nada tem a ver com a sua irresponsabilidade e sua falta de empatia.

Já que chegamos a esse ponto, vamos seguir essa cartilha pra tentar fazer dar certo. Se todo mundo colaborar a gente vai conhecer o resultado e, caso ele não seja eficaz, teremos embasamento para criticar e evitar repetir.

O que não dá é achar que temos pessoas que são melhores que as outras, que se acham no direito de furar a fila, zombar do sacrifício da maioria, desdenhar do esforço gigantesco que se faz para tentar conter o avanço do vírus e simplesmente seguir a vida como se nada estivesse acontecendo à sua volta.

Faça sua parte, sem necessidade de ser coagido a isso. Mostre empatia. Dê o braço a torcer, contenha sua teimosia por quinze dias. Depois você vai poder dizer “eu avisei”, se for o caso, mas não atrapalhe essa tentativa de solução que, por mais desesperada e questionável que seja, é o que temos para o momento. Não seja conscientemente alguém que atrapalha. Se não quiser ajudar, basta não fazer nada. Fique em casa, sem aglomerar.


Robson Moraes

Robson Moraes Almeida, Farmacêutico, Bioquimico, Retratista e Editor do Lagoa da Prata Ponto Com

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