A vida como ela é – Willian de Moura
Observando o contexto do meu dia a dia profissional e pessoal, percebo que nossa humanidade está caminhando a passos largos para seu fim. As pessoas perderam o respeito uns pelos outros, não existe empatia, não existe compaixão, não existe amor verdadeiro. Vivemos em um amontoado de gente, mas nos sentimos solitários. As pessoas só olham para si mesmas e seus interesses, se tornaram egocêntricas. As relações humanas, de hoje em dia se limitam a troca de mensagens em aplicativos de celulares, não existe mais a emoção e o brilho nos olhos de um abraço amoroso, depois de dias de ausência, entre os casais de namorados. Nas praças vemos adolescentes amontoados, uns ao lado dos outros, mas não existe diálogo; pois suas atenções estão voltadas para as telas de seus “amigos digitais”.
A tecnologia fez quebrar os limites e as distâncias geográficas, proporcionou melhor comunicação entre as pessoas, mas as ceifaram de toda emoção humana. O ser humano, passou se contentar com a companhia de seus aparelhos celulares, ignorando a presença física de outros seres humanos. Não existem mais as visitas, nas casas de amigos e familiares. O diálogo em casa, deu lugar a um silencio sepulcral, onde cada membro da família está no seu canto, “rolando telas”, em busca de algo, que ninguém sabe, de fato, o que é! Tudo passou a não ter sentido, porque se não for imediato, não serve. Envia-se uma mensagem agora e espera-se uma resposta imediata, se ela não vier, a ansiedade toma conta. Existem casos em que as pessoas quando perdem o interesse, umas pelas outras, simplesmente as bloqueiam, como se relações humanas fossem como programas de computador, que podem ser resolvidos com um simples clique, ignorando todo o sentimento humano. Um simples passeio de bicicleta, tem que ser registrado, por inúmeras Selfies, porque se não for assim, é como se não houvesse tido um passeio.
Sinto-me solitário neste mundo cheio de pessoas vazias de alma. Sinto-me solitário neste mundo onde o ter, passou a significar mais do que o ser. Mundo em que os rostos bonitos nos perfis, são maquiados por filtros, que escondem as rugas, as imperfeições físicas, mas não conseguem esconder o vazio das almas, em busca de uma aprovação social. Talvez seja por isto que envelhecemos e morremos. Porque chegamos a um ponto da vida, que não mais conseguimos acompanhar a chamada “evolução” e nos tornamos perdidos, sem rumo e sem sentido na vida. É neste momento que a morte nos resgata e nos leva para outro plano. E quem sabe, se existir outra encarnação, possamos evoluir mais um pouco por lá. Mas enquanto este momento não chega, somos obrigados e conviver com as dores na alma, com o sofrimento de ver tudo a sua volta se auto sabotando. Somos obrigados a assistir tudo de camarote, sem muito poder fazer para mudar esta realidade.
Aí me pego pensando: de que adianta, evoluir aqui na terra, buscar conhecimento, amadurecer, enxergar novas possibilidades, se nada podemos fazer para colocar toda a maturidade e conhecimento a serviço desta sociedade? Afinal, a sociedade atual, caminha na contramão da evolução e quaisquer que sejam seus pensamentos, se forem contrários às novas ideologias, você simplesmente é excluído. As pessoas estão cada vez mais alienadas e voltadas somente para sua autopromoção, nas redes sociais. O prestígio e a reputação de alguém, já não é mais medido pela sua índole ou por sua inteligência, ou seu caráter, mas pela quantidade de seguidores, que adquirem em seus perfis. E o mais impressionante é que quanto mais fúteis e vulgares forem os conteúdos publicados, mais seguidores as pessoas conseguem. Eu realmente não sei se a tecnologia chegou para promover a evolução ou o empobrecimento cultural do ser humano.
Bom, o que nos resta agora é aguardar o tempo de “nosso resgate”, para que possamos ser salvos deste mundo, que parece não ter mais volta. Sinto pena dos meus filhos, das novas gerações, que nunca irão saber o quanto é bom ter amizades verdadeiras, como é bom passar horas conversando, frente as suas casas, sentados na calçada; muito menos saberão o que é ouvir as longas histórias de seus avós, relembrando tempos das vidas passadas, à beira de um fogão a lenha. Mas já que chamam isto de evolução, eu prefiro abrir mão de todos os meus diplomas, todo o meu conhecimento, por mais limitado que seja, toda a minha maturidade e continuar um simples ignorante, no meu mundo, onde o ser humano ainda vale mais que as máquinas, e os sentimentos partem do coração e não de um emotion de aplicativo.
Se isto é ser quadrado, que eu continue quadrado, mas ainda humano! Mesmo que eu tenha que carregar até o ultimo dia da minha vida, toda a dor e peso as solidão, por não conseguir conviver neste mundo carregado de muita informação e pouca sabedoria. Então fica uma reflexão, sobre tudo isto: Será que isto é realmente evolução? Quando será que a humanidade voltará a ser humana? Porque estão tão envoltos pelas tecnologias, que homem e a inteligência artificial passaram a se confundir, pois ambos parecem estar desprovidos de emoções.
Deus proteja nossa humanidade!
Escrito por: Willian de Moura (24/10/2023)
Parabéns Willian!